segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Reformas e investimentos marcam municípios

Antigos redutos de veraneio do litoral paulista já não têm mais a mesma cara. Áreas do litoral norte viram canteiro de obras


Caraguatatuba e São Sebastião recebem investimentos diretos da indústria do petróleo e já atraem trabalhadores. Caraguatatuba está completando uma rede de exploração de gás natural – começa com a plataforma Mexilhão, que retira do mar o gás natural a 143 km de distância da cidade.

Para aperfeiçoar a produção, está sendo finalizada uma unidade de tratamento de gás e construído um gasoduto, que levará o produto até Taubaté. As empreitadas empregam mais de cinco mil pessoas diretamente. Caraguatatuba cresceu 27% em número de habitantes nos últimos dez anos, acima dos 10% da média estadual. “A cidade atrai pessoas, pois se tornou um centro comercial”. Os investimentos da Petrobras também reforçam a migração de pessoas para cá, explica o prefeito de Caraguatatuba, Antonio Carlos da Silva.
A construção civil na cidade está em franco desenvolvimento. Segundo dados da prefeitura, atualmente existem 630 projetos de obras aprovados. Os locais preferidos pelos empreendedores são os bairros Porto Novo, Indaiá e Jardim Aruan. Segundo o consultor imobiliário Alex Nagahasha, em regiões valorizadas à beira-mar, como Indaiá, apartamentos de dois quartos, com 80 m², pode custar cerca de R$ 200 mil. A finalização em novembro de um novo shopping no bairro deverá valorizar ainda mais os preços dos imóveis.

Ainda no litoral norte, as construções em São Sebastião aumentam lentamente – cerca de 5% no último ano, todas elas concentradas em casas de veraneio.

As praias da cidade são famosas e atraem 40 mil pessoas durante os meses de verão. Em Maresias, a mais badalada da região, casas com 400 m² de terreno e três dormitórios são vendidas por mais de R$ 1 milhão. “Maresias é, sem dúvida, a praia mais cara, com os preços atingindo até três vezes mais do que as outras”, afirma a consultora imobiliária Laura Gonçalves.

No entanto, a cidade está em polvorosa pela construção de um hospital, que terá altura superior do que a permitida pelos limites estabelecidos. Segundo críticos, isso abriria uma porta para mudar as leis locais, mas as autoridades negam e afirmam que será uma exceção.

Infraestrutura é um dos desafios para manter boa qualidade de vida


Muitas incertezas rondam o litoral, com as promessas de crescimento. A boa qualidade de vida, um dos pontos mais importantes e valorizados da região, pode estar em perigo com o aumento da população, questões como segurança e trânsito devem ter sua situação agravada.
Serviços públicos, como segurança e saneamento, seriam afetados pela explosão demográfica causando transtorno para novos e antigos moradores.

Em Caraguá foi instituída uma lei que obriga a apresentação de atestado de antecedentes criminais para locação de imóveis. 


“A lei foi feita para controlar e dar mais responsabilidade para quem aluga”.
Em referência s estradas do litoral, “O trânsito no final de ano é normal, acontece em todos os lugares do mundo. Não é possível construir uma rodovia que atenda às épocas de pico, até porque ela ficaria ociosa o resto do ano”, segundo o engenheiro e professor da Unicamp Carlos Alberto Bandeira Guimarães, mas aponta uma ressalva importante: “Para a demanda de cargas que a Petrobras vai gerar, o ideal seria investir em ferrovias para não saturar as rodovias”, afirma. 


Para o economista e especialista em Políticas Públicas Wagner da Silva Oliveira, o grande desafio para as cidades será manter serviços públicos de qualidade. “Questões como saúde, segurança, limpeza pública, saneamento básico e transportes, mais do que indicadores, são cruciais na percepção da população sobre qualidade de vida”, diz Oliveira. 


Para ele, as prefeituras não podem fazer o trabalho sozinhas. “A solução desses problemas passa, necessariamente, pelo trabalho colaborativo entre os municípios e uma articulação maior com os governos do estado e federal”.

É “preciso planejar de forma integrada a expansão das cidades, provendo serviços e infraestrutura de acesso”, aponta o economista.
Fonte/Reprodução:O Estado de São Paulo
Fotos: A/E

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