segunda-feira, 14 de março de 2011

Polêmica: Presidente do instituto de arquitetos critica plano diretor de Caraguá


Em carta publicada no jornal Imprensa Livre desta segunda-feira, 14 de março de 2011, Alexandre Di Giaimo, Presidente do Instituto de Arquitetos do Brasil, a IAB/LN, faz crítica à forma como está sendo encaminhada a produção do plano diretor de Caraguatatuba. O assunto é polêmico, dividindo opiniões até mesmo dos técnicos no assunto. O plano diretor é exigência do Estatuto das Cidades e Caraguatatuba já perdeu todos os prazos para a sua confecção.

Veja a opinião de Alexandre Di Giaimo:

Acorda, meu povo
Todo Planejamento de qualquer cidade deve ser feito em cima de dados estatísticos existentes e previsões futuras para que não se perca o foco, que é a melhoria da qualidade de vida para todos que vivam ou veraneiam no município. Ele deve ser participativo desde sua criação, planejamento e implantação, segundo o Estatuto das Cidades que é a lei que rege a criação dos Planos Diretores das Cidades Brasileiras.
Eu pergunto a você: foi convidado a participar das reuniões de criação do Plano Diretor de Caraguatatuba? Vou melhorar a pergunta: você foi informado que o Plano Diretor que foi vetado pela Câmara Municipal em 2008 pela maioria e refeito até 2011? Onde foram as reuniões? Quem participou delas? Houve divulgação destas reuniões? Rádios, jornais, TVs?
O atual Plano Diretor de Caraguatatuba, que está sendo proposto pelo Poder Público Municipal, fica anos-luz deste foco, pois não se baseou em estatísticas e se baseia em previsões absurdas como a proposta de multiplicar a possibilidade de moradias por 12 vezes; o próprio site da Prefeitura nos da á informação que o IBGE mostrou um crescimento nestes últimos dez anos de 27,40 % e temos uma população de 100.889 habitantes.
Vamos supor que este crescimento permaneça desta forma teremos em 2021 aproximadamente 128.532,59 habitantes, mas como estamos planejando o futuro, vamos assumir que para os próximos dez anos a população seja de 100%, o que a meu ver seria um absurdo; quatro vezes mais que os últimos dez anos, teríamos uma população de 201.778 habitantes, ou seja, teríamos o dobro de moradias previstas e não 12 vezes como está sendo proposto na abertura do Uso do Solo para o Município, Taxas de Ocupação e Coeficientes de aproveitamento onde se faz famílias inteiras ficarem empilhadas e o que é pior querem que seus automóveis fiquem em suas garagens, ou seja, dois por cada apartamento seria impossível no tamanho dos terrenos em que esta sendo proposto, então decidiram fazer dois andares de garagens sobre o solo, pois o subsolo “ficaria muito caro, pois dependeríamos de bombas para a execução e um sistema de bombeamento para futuras chuvas”, estes dois sobressolos ficariam na divisa da sua residência, ou seja, aproximadamente sete metros de paredão sem recuo, ou com 1,5 metros de recuo no segundo sobressolo, não muda nada.
A proposta atual verticaliza quase 100% do município, apenas as áreas já consolidadas com residências em condomínios fechados como, Parque Imperial, Costa nova, Costa Verde Tabatinga (alias esta foi minha pergunta, porque não verticalizaram a Tabatinga? Será que os proprietários não gostariam?). Onde estão as áreas rurais do Município? Sumiram? Os agricultores também?
Eu estava morando nesta Cidade em 1967 quando corpos boiavam nas ruas e os munícipes da época perderam tudo, trocavam terrenos por galinhas, vemos hoje a tentativa de impermeabilização dos solos de futuras construções prediais, comerciais, passando por cima dos sinais da própria natureza.
Tivemos dois dias de chuvas á cidade inundou, no bairro do Getuba um metro de água na pista, o rio Guaxinduba e rio do ouro transbordaram será que só eu estou enxergando isto? Imaginem os senhores se chove como choveu no Rio de Janeiro e Florianópolis há tempos atrás? O que seria de Caraguatatuba? Hoje e amanhã com as impermeabilizações do solo? Onde esta o estudo macro da drenagem de Caraguatatuba? Não foi feito? Como ficará o futuro destas águas pluviais, os rios não suportam o volume, ou ainda não perceberam?
O povo não tem a visão técnica que temos, eles simplesmente aceitam e depois reclamam, quando acaba seu sol, acaba sua ventilação, acaba com a saúde de seus filhos e netos, ai já é tarde, “é a lei, ela que permitiu! Eles dirão”.
Formará uma verdadeira parede de concreto na Orla marítima e deixará a Cidade às sombras dos interesses financeiros e imobiliários.
Alexandre Di Giaimo – Presidente do Instituto de Arquitetos do Brasil - IAB LN
por email, Caraguatatuba – SP
O Blog de Caraguá - k

Um comentário:

  1. que zona rural?? que agricultores?? de fato nao existem mais.. a zona rural que o Sr. se refere existia.. quando era financeiramente viavel aos agricultores.. esquece.. hj a zona rural virou periferia.. dá uma voltinha no Pegorelli.. Plano Diretor 2011.. bem vindo.. coisa de primeiro mundo..

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